domingo, 23 de fevereiro de 2014

Liberta-me

por Maria Clara

Juliette Ferrars já matou uma criança (por acidente), foi trancada num hospício e quase usada como arma por um sistema político ditatorial conhecido como Restabelecimento. Tudo isso, porque a adolescente é capaz de matar ou ferir seriamente todas as pessoas que tocam sua pele - ou quase todas.

Protagonista de "Estilhaça-me", Juliette continua a lidar com seu poder na sequência "Liberta-me", segundo livro da trilogia escrita pela norte-americana Tahereh Mafi. Agora, a garota já fugiu de Warner, que a raptou para o Restabelecimento; já encontrou abrigo no Ponto Ômega, refúgio para quem precisa se esconder do governo; já está em um relacionamento com Adam, o rapaz que consegue tocá-la sem se ferir. É hora de decidir o que fazer daqui em diante.

No Ponto Ômega, a moça conhece outras pessoas com habilidades especiais e é chamada para lutar com elas contra a ditadura - ser usada como arma, mas agora, pelo "lado bom". Enquanto tenta entender seu papel na revolução contra o Restabelecimento, Juliette descobre a extensão de seu dom e se vê  obrigada a reconhecer que Warner também pode encostar nela. Subitamente, a menina se vê em um complicado triângulo amoroso, já que o rapaz se diz perdidamente apaixonado.

Em "Liberta-me", Tahereh Mafi continua a usar strike outs (as frases em que a escrita é riscada) para os pensamentos que a protagonista tenta reprimir. Dessa vez, contudo, o recurso é menos utilizado, como se a adolescente estivesse começando a organizar melhor suas ideias. O ritmo das frases, principalmente em momentos de tensão,  continua a dar a sensação de que, mais que contando a história, Juliette está nos colocando dentro de sua cabeça: não é a voz da narradora que ouvimos, mas sua mente.

O ponto fraco do livro é a indecisão da protagonista: em meio ao caos da sociedade e à necessidade de uma força política - e física - que se oponha ao Restabelecimento, a garota continua fechada em seus problemas pessoais e dramas amorosos, sem ao menos tentar entender aquilo pelo que outras pessoas passam. O momento em que Kenji, um dos "mutantes" do Ponto Ômega, chama Juliette à realidade é um alívio para o leitor que sentia vontade de fazer a mesma coisa.

"Liberta-me" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O Beijo das Sombras

por Maria Clara


Rose Hathaway é uma Dampira - meio humana, meio vampira. Como todos de sua espécie, está destinada a ser guardiã de um Moroi (vampiros dotados de mágica), a quem deve proteger dos Strigoi (vampiros violentos e descontrolados que matam suas vítimas, de modo que perdem a magia e se tornam um tipo de mortos-vivos - não se deve confundi-los com zumbis, entretanto). A imortalidade dos Strigoi é alcançada por meio da ingestão de sangue Moroi, e por isso os Dampiros tentam fornecer a defesa necessária para os vampiros pacíficos.

Sentindo que sua melhor amiga, Lissa Dragomir, está em perigo na escola onde as garotas estudam, Rose organiza uma fuga, e ambas passam dois anos longe da Academia São Vladimir. O problema é que Lissa faz parte da realeza Moroi e é a única herdeira do clã Dragomir, o que faz com que a escola tente trazê-la de volta para mantê-la em segurança.

As adolescentes são encontradas pelo guardião Dimitri Belikov, que as conduz de volta à São Vladimir e se torna mentor de Rose. A protagonista passa a se dedicar ao treinamento rígido de guardiã, mas descobre que Lissa voltou a ser ameaçada anonimamente dentro do campus, e precisa decidir o que fazer em relação a isso.

À primeira vista, a história de "O Beijo das Sombras", de Richelle Mead, pode lembrar automaticamente a série Crepúsculo (que também traz vampiros adolescentes no colegial). Basta o primeiro capítulo, porém, para que se perceba que as histórias não se assemelham em nada.

Rose é uma heroína ativa e determinada, ainda que um tanto inconsequente, Ela é firme no objetivo de se tornar guardiã e faz o possível para se superar e, um dia, ser designada para proteger Lissa. A relação das duas personagens mostra a força da amizade feminina, poucas vezes retratada nos romances adolescentes atuais. Sua interação com Dimitri, por quem se apaixona, também mostra o senso de responsabilidade da garota - mesmo desejando o instrutor, ela entende os riscos que surgiriam de um relacionamento com ele.

O livro mescla os perigos do mundo sobrenatural a dramas adolescentes na proporção ideal. Rose e Lissa não são só vampiras preocupadas com o combate aos Strigoi, nem só meninas às voltas com a hierarquia escolar e roubos de namorados. Os outros personagens, como Dimitri e Natalie (prima de Lissa), ainda que secundários, mostram sua importância para a trama. Nenhum fica "perdido" no enredo, ainda que a personalidade forte e impulsiva de Rose - que contrasta com o jeito doce e pensativo de Lissa - se destaque.

"O Beijo das Sombras" é o primeiro livro da série Vampire Academy. Sua adaptação para o cinema  estreou nos Estados Unidos no dia 07 de fevereiro, e chega ao Brasil em março. O filme foi dirigido por Mark Waters e traz Zoey Deutch e Lucy Fry no papel de Rose e Lissa.




"O Beijo das Sombras" foi publicado pela editora Agir. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.
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