quinta-feira, 17 de novembro de 2016

resenha | A Garota no trem

por Maria Clara

Todos os dias, Rachel Watson pega o trem de 8h04 para Londres. No caminho, passa pelos fundos de uma casa onde mora o casal perfeito. Ela não os conhece, mas imagina um casamento cheio de amor, carinho e proteção - tudo com o que a própria Rachel sonhava para seu último relacionamento. A vida feliz imaginada pela protagonista é confrontada com a realidade quando Megan Hipwell (a esposa observada) desaparece.

Primeiro romance escrito por Paula Hawkins, "A Garota no trem" é narrado por três personagens diferentes. Rachel é a principal condutora da história, fazendo uma ligação entre os vários pontos do enredo. Ela admira o casamento dos Hipwell enquanto se ressente pelo fim de seu matrimônio com Tom, que a trocou por outra mulher. Alcoólatra, ela se culpa pela separação mas não tem forças para deixar de beber ou de entrar no trem diariamente - durante a viagem, ela também consegue ver a casa onde morava com o ex-marido.

Fiel a sua ideia do casamento ideal, Rachel tenta ajudar Scott Hipwell - marido de Megan - a provar sua inocência e acaba se envolvendo perigosamente na investigação do desaparecimento.

A segunda narradora é a própria Megan. Sua versão dos acontecimentos começa um ano antes, de forma que o leitor compreenda todos os fatos que se somaram para culminar em seu desaparecimento. Ao contar seu cotidiano com Scott, ela mostra o quando a felicidade de seu casamento é questionável. Megan vive sufocada tanto pelos ciúmes do marido quanto por um passado que ela nunca conseguiu superar, e recorre a casos extraconjugais para se sentir livre. À medida que seus segredos são expostos ao leitor, a lista de possíveis culpados por seu sumiço cresce.

A terceira voz do livro é Anna, nova esposa de Tom. Casada com ele desde que Rachel foi embora, ela mora na mesma casa onde Rachel vivia e é vizinha dos Hipwell. Sua narrativa é a menos frequente no livro, mas dá uma nova visão sobre os personagens.

As três mulheres se alternam na condução da história, o que faz com que o enredo mantenha o suspense. A proximidade das três deixa claro outro aspecto que as une: as três vivem relacionamentos tóxicos, que marcam suas decisões ao longo do livro. Todas elas sofrem com abusos físicos e psicológicos, e nem todas percebem o quanto a situação lhes empurra para situações de perigo.




Pelo suspense e pela temática do desaparecimento, "A Garota no trem" tem sido comparado com "Garota exemplar", de Gillian Flynn. Assim como o livro da norteamericana, ele tem um ritmo que prende o leitor (mas não tanto quanto o romance de Flynn) e foi adaptado para o cinema, com Emily Blunt no papel de Rachel.

"A Garota no trem" foi publicado pela editora Record. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.
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