quinta-feira, 13 de abril de 2017

resenha | Julieta

por Maria Clara


O mundo conhece a história de Romeu e Julieta, os amantes imortalizados por Shakespeare que, graças à inimizade entre suas famílias, encontram um trágico fim enquanto lutam por seu amor. No romance "Julieta", Anne Fortier oferece uma nova versão à história, quando a protagonista Julie Jacobs descobre que é herdeira da heroína shakespeariana.

Com a morte da tia que a criou, Julie descobre um segredo de família. Seu nome verdadeiro é Giulietta e, de acordo com pesquisas de seus pais, ela e sua irmã Janice - na verdade, Gianozza - são descendentes da dama Giulietta Tolomei, que vivera em Siena em 1340. A protagonista, então, viada à Itália em busca de uma herança misteriosa.

Julie descobre, em Siena, que a verdadeira briga não era travada entre Capuletos e Montéquios, mas entre as famílias Tolomei e Salimbeni. Quando a jovem Giulietta foi para a cidade morar com seu tio, sua beleza encantou o sanguinário Salimbeni, que decidiu se casar com ela e ameaçou os Tolomei caso o matrimônio fosse negado. O problema é que a moça já estava apaixonada por Romeo Marescotti, desencadeando o enredo que, nas mãos do Bardo, ganharia fama internacional.

Na Itália, Julie descobre esta nova versão da história. Ela também encontra registros da pesquisa de sua mãe sobre a genealogia da família e conhece pessoas como a rica Eva Maria Salimbeni, o pintor Maestro Lippi e o policial Alessandro Santini. Ao mesmo tempo que persegue seus mistérios familiares, a protagonista precisa decidir quem merece sua confiança e seu amor.

Com capítulos que alternam a narrativa contemporânea aos acontecimentos de 1340, "Julieta" é um livro leve. Alguns pontos do enredo parecem apressados e, várias vezes, forçados - os moradores atuais de Siena parecem determinados a viver unicamente segundo o nome de suas famílias, como se estivessem destinados a repetir a história de seus antepassados. Mesmo assim, é um livro agradável para quem deseja preencher o tempo entre leituras mais densas.

"Julieta" foi publicado pela editora Arqueiro. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

sábado, 8 de abril de 2017

resenha | Os 13 porquês

por Maria Clara


"Os 13 porquês", do americano Jay Asher, trata de um tema delicado: suicídio. Semanas depois da morte da adolescente Hannah Baker  que se matou tomando remédios , seu colega Clay Jensen recebe uma caixa com sete fitas cassete gravadas pela garota. Nelas, ela promete explicar cada um dos 13 motivos que a levaram a encerrar sua vida.

Chocado com a existência das gravações, Clay passa a noite escutando as fitas, preocupado com o momento em que seu nome será citado  segundo Hannah, cada pessoa a receber as fitas está presente nas histórias que elas contam e, portanto, é uma das razões de sua decisão.

Aos poucos, o rapaz percebe que não conhecia Hannah de verdade. Vítima de boatos que cresceram até o nível de bullying, a garota não conseguia fazer amizade com ninguém da escola e vivia solitária, sem ninguém a quem se conectar. Seus pedidos de ajuda não eram compreendidos pelos colegas nem pelos professores e, a cada tentativa frustrada de sobreviver à situação, se firmava na adolescente a sensação de que nada conseguiria resolver seus problemas.

Com ritmo ágil e intercalando a voz de Hannah aos comentários de Clay, "Os 13 porquês" mostra o quanto nossas ações podem interferir na vida de outra pessoa. A falta de empatia dos colegas da protagonista foi crucial para sua decisão, levando-a a acreditar que nenhum deles se interessaria por saber quem ela era de verdade e que a única maneira de acabar com o sofrimento seria, também, acabar com sua própria vida.




O livro foi adaptado para a série "Thirteen reasons why", disponível na Netflix. Com algumas modificações no enredo, mas se atendo à história original, os 13 episódios acompanham Clay escutando cada uma das fitas e as consequências das gravações na vida de todos que foram citados. Por se aprofundar na vida dos outros personagens, a série mostra não só a influência dos colegas no suicídio de Hannah, mas também as consequências de sua morte (e dessa própria influência) na vida de cada um. Além disso, trata de assuntos como bullying e abuso sexual.

A popularidade da série trouxe, às redes sociais, o debate sobre suicídio. No mesmo dia da estreia, a hashtag #NãoSejaUmPorque atingiu os trending topics brasileiros do Twitter. Momentos  tanto do livro quanto de sua adaptação  em que o assunto é discutido abertamente também ressaltam a necessidade de oferecer amparo a quem apresenta alguma tendência a tirar a própria vida.




Nesses casos, é importante mostrar à pessoa que ela tem alguém a quem recorrer e que a morte não é a única solução para seus problemas. No panfleto "Falando abertamente sobre suicídio", o Centro de Valorização da Vida (CVV) explica: "A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Se um amigo se aproximar e perguntar 'tem algo que eu possa fazer para te ajudar?', a pessoa pode sentir abertura para desabafar. Nessa hora, ter alguém para ouvi-la pode fazer toda a diferença. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir" (para acessar o material, clique aqui ou na imagem acima).

"Os 13 porquês" foi publicado pela Editora Ática. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.
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