por Maria Clara
Preciso confessar uma coisa: tinha um certo preconceito contra "Jogos Vorazes". Não sei porque, quando via tantas pessoas comentando sobre o livro, sempre pensava que era só uma moda, e que não valia a pena alterar minha lista de livros para esse semestre com o início dessa trilogia (como a maior parte dos leitores já sabe, a história tem dois livros que desenrolam a trama: "Em Chamas" e "A Esperança"). Grande engano.
O livro, escrito pela norte-americana Suzanne Collins, conta a história de Katniss Everdeen, uma garota de 16 anos que mora no Distrito 12 de Panem - um lugar onde, anteriormente, existia a América do Norte. Todo ano, o Capitol (que governa Panem em regime ditatorial) organiza os Hunger Games, espécie de reality show em que um garoto e uma garota de cada um dos 12 distritos devem lutar até que apenas um sobreviva. Essa atração, além de trazer melhores condições de vida ao distrito do vencedor, reforça o domínio que o Capitol tem sobre o povo.
Katniss entra nos jogos como voluntária, para poupar sua irmã mais nova. Junto com ela, vai Peeta Mellark, filho do padeiro e que sempre foi apaixonado por Katniss. Quem pensa que esse é o início de um enredo super romântico em que uma garota se divide entre o amor de dois rapazes (Katniss tem um amigo, Gale, por quem não sabe exatamente o que sente) está errado. Em "Jogos Vorazes", o amor não aparece com a forma romântica de sempre - ele é um sentimento que pode ser usado pela protagonista para garantir sua sobrevivência.
Com uma história diferente, que conquista justamente por não ter a abundância de emoções que vemos nos outros livros lançados ultimamente, Suzanne faz com que a leitura seja rápida, e dê vontade de ler a continuação. Ao invés de fazer com que os leitores sonhem com grandes romances, a autora os faz pensar na questão da ditadura política, e em como os personagens tentam driblar essa dominação de forma pacífica - ou, ao menos, tentam mostrar para todo o Capitol que não possuem o mínimo respeito pelo sistema de governo.