quinta-feira, 22 de maio de 2014

Convergente

por Maria Clara


A trilogia iniciada com "Divergente", de Veronica Roth, chega ao fim com "Convergente", e transforma o enredo dos dois livros anteriores em uma distopia dentro de outra distopia. Depois da revelação feita em "Insurgente" e da explicação sobre a origem do sistema político adotado por Chicago, chega a hora de Tris e Tobias descobrirem o que acontece fora dos limites da cidade.

O último volume da série mostra que os moradores dos Estados Unidos, nesse futuro pós-apocalíptico, são classificados de acordo com o código genético. Essa separação é baseada num conceito de pureza que permitiria à sociedade viver pacificamente, e a divergência da protagonista deixa de ser motivo de preocupação. Rapidamente, porém, o leitor percebe que também existe uma forma de opressão racial tanto entre os moradores do Departamento (área para onde Tris, Tobias, Christina e outros amigos vão depois de sair da cidade) quanto do exterior sobre Chicago.

Além das revelações sobre o passado de sua cidade, Tris precisa lidar com problemas de seus relacionamentos pessoais. O namoro com Tobias é maduro, longe dos suspiros açucarados de outros casais da ficção, mas eles não são indiferentes um ao outro: os protagonistas encontram, na relação, a força para enfrentar as mudanças. Num momento de reflexão, Tris chega a reconhecer que não sabe como será sua vida com o namorado em tempos de paz, já que os dois foram unidos pelo espírito de revolução.

Outros personagens que mexem com a protagonista são Peter e Caleb. O primeiro segue fiel à sua personalidade. Peter deixa claro que não gosta de ninguém ali, mas parece ter uma motivação para colaborar com o grupo. Caleb luta para ser perdoado pela irmã, já que os dois são os únicos da família a continuar vivos. Mesmo assim, a lembrança de que o rapaz a entregou para ser torturada pela Erudição dificulta uma esperança de aproximação com Tris.

Com as informações dadas por Veronica Roth sobre o mundo exterior à cidade, seria possível criar uma nova história. Talvez por isso, surge um certo desapontamento quanto ao desfecho (calma, não haverá spoilers nessa resenha). Os problemas políticos do enredo recebem uma solução simples demais, quase apressada para terminar o livro. Quanto à vida dos personagens, em compensação, o final foi condizente com a personalidade de cada um. A razão que leva Peter a ajudar os protagonistas é revelada, e ajuda a gerar empatia pelo rapaz. Já o final de Tris pode, à primeira vista, desagradar alguns leitores. Numa segunda análise, porém, percebe-se que a decisão da garota fez jus à sua personalidade e sua divergência, amenizando (ainda que pouco) os pontos negativos da história.

"Convergente" foi publicado pela editora Rocco. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

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