quinta-feira, 31 de julho de 2014

O Para Sempre de Ella e Micha

por Maria Clara

Em "O Segredo de Ella e Micha", Jessica Sorensen apresentou o casal de protagonistas que tentam superar dramas do passado para ficar juntos. No segundo livro da série, a autora dá continuidade ao relacionamento dos jovens, que tentam manter um namoro à distância.

"O Para Sempre de Ella e Micha" mostra a garota, de volta a Las Vegas, dando seguimento aos estudos e ainda dividindo o alojamento da faculdade com a amiga Lila. Ella passou a se consultar com uma psicóloga para superar a perda da mãe, e começa a trabalhar a ideia de se reconciliar com sua família e seu passado. Micha, enquanto isso, investe em sua carreira artística. O rapaz se tornou vocalista e guitarrista da banda de uma amiga, e passa os dias viajando para se apresentar.

Conversando apenas por telefone e se encontrando só quando é possível, os dois sofrem com a separação física e o medo do relacionamento não funcionar. Além disso, tanto Micha quanto Ella começam a se preocupar com ciúmes.

Além de se apoiar no amor que sentem um pelo outro para lidar com esses problemas, os jovens - Ella, principalmente - buscam forças no namoro para melhorar a relação que têm com suas respectivas famílias. Eles não vivem, porém, centrados apenas em seu relacionamento. Ethan e Lila, melhores amigos dos protagonistas, ganham espaço no livro, criando dúvidas sobre outro possível casal na história.

"O Para Sempre de Ella e Micha" foi publicado pela Geração Editorial. Para adicioná-lo à sua estante do Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Incendeia-me

por Maria Clara


A série distópica criada por Tahereh Mafi que começou com "Estilhaça-me" chegou ao fim com a publicação de "Incendeia-me", último volume da trilogia (que ganhou dois livros extras ao longo do caminho). Nesse último volume da história, é hora da protagonista Juliette Ferrars enfrentar definitivamente o Restabelecimento, entidade que controla o poder político de forma opressiva e ditatorial.

O livro traz Juliette mais forte, consciente de suas habilidades e disposta a fazer o que for preciso para vencer. Depois de quase ser assassinada, a garota passa a morar com Warner e aceita ajudá-lo em seus objetivos comuns - matar o pai dele, principal líder político. Além disso, se reencontra com os amigos que fez enquanto estava no Ponto Ômega e com o ex-namorado, Adam.

O estilo de Tahereh Mafi é mantido em "Incendeia-me". Apesar dos strike outs não serem mais utilizados (já que, agora, a protagonista compreende e aceita suas sensações e pensamentos), a velocidade da narrativa é a mesma que marcou outros títulos da série. Os capítulos curtos ajudam a separar a ação de acordo com o impacto de cada acontecimento ou revelação. A maneira de pensar de Juliette, sem vírgulas e com frases repetidas, continua a dar o tom da tensão em que a garota se encontra.

Outros personagens da trama também recebem a devida atenção. Kenji, agora reconhecidamente o melhor amigo da protagonista, mostra mais profundidade sem perder o tom de comediante - o próprio lado "engraçado" do rapaz durante a guerra é abordado em um diálogo. Adam se torna mais dramático e propenso a conflitos, enquanto Warner continua a se expor completamente em suas cenas com Juliette, revelando mais sobre sua personalidade e sua história (indo além do que foi contado em "Destrua-me").

Tendo que se preocupar em vencer uma guerra e resolver sua vida sentimental, Juliette cresce ainda mais durante a trama. Se em "Liberta-me" ela precisa que Kenji lhe dê um choque de realidade para se interessar pelo que acontece ao seu redor, "Incendeia-me" mostra a adolescente, sozinha (embora com alguma ajuda de Warner e do próprio Kenji), percebendo a imensidão de suas capacidades.

Ela também reconhece sua posição de liderança no conflito, ajudando na elaboração de planos de ataque e pensando em como organizar a sociedade no futuro. Na área sentimental, a garota segue como responsável por definir o destino do triângulo amoroso que forma com Adam e Warner.

"Incendeia-me" é uma bela conclusão para a trama. Tahereh Mafi conseguiu, durante toda a história, mostrar a evolução de cada personagem e manter um enredo envolvente, culminando em um final que reafirma a qualidade do trabalho da escritora.

"Incendeia-me" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A Máquina de Contar Histórias

por Samira


Vinícius Becker é um escritor best-seller que, com uma carreira literária agitada, acabou por se distanciar do convívio familiar. Na noite em que sua mulher, Viviana, falece sozinha em um hospital, ele está distante, no lançamento de mais um livro; consegue chegar a tempo de acompanhar o enterro, mas logo percebe que algo mais não vai bem.

Valentina, a filha mais velha, transparece os sentimentos de uma jovem que se sentiu abandonada pelo pai no momento em que mais precisava dele; Vida, a mais nova, ainda não possui a noção dos fatos, o que pode ajudar Vinícius a não deixá-la perceber o quanto ele foi ausente.

Neste momento, o protagonista percebe a necessidade de reconquistar o amor das filhas e se fazer presente, mesmo que isso lhe custe ignorar compromissos profissionais. Como autor, ele vive na eterna busca pelos parágrafos perfeitos; como pai, anseia que, ​daquele ponto em diante, a história da família V seja tão boa quanto a dos seus livros.

A obra de Maurício Gomyde é emocionante; uma história a ser lida do começo ao fim, em algumas horas. Confira um trecho do livro.


"A Máquina de Contar Histórias" foi publicado pel​a Editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Menino dos Fantoches de Varsóvia

por Maria Clara

Mika Hernsteyn é um sobrevivente da Segunda Guerra Mundial. Judeu polonês, ele enfrentou várias dificuldades até chegar aos Estados Unidos - onde, vários anos depois, conta sua história para o neto Danny. Este é o ponto de partida de "O Menino dos Fantoches de Varsóvia", primeiro livro de Eva Weaver.

Pouco antes da guerra chegar a Varsóvia (cidade natal do protagonista), o avô de Mika compra um sobretudo que terá grande importância na trama. Pela adição de bolsos internos, ele se torna uma forma de evitar que objetos de recordação, como cartas e fotos, sejam destruídos pelos soldados alemães. Quando seu avô morre, Mika herda o casaco e um ateliê de fantoches até então desconhecido em um quarto da casa. É a partir desse momento que a relação do garoto com a realidade da guerra se torna mais intensa.

Mika dá seguimento à confecção de fantoches, e começa a usá-los para entreter os outros judeus, levando alguns minutos de conforto à família e às crianças de um orfanato. Aos poucos, os fantoches passam a ser usados como uma forma de interagir com a dura situação, e parecem ganhar força própria, incentivando o garoto a fazer todo o possível para resistir à violência e à morte que cercam todos os personagens.

Um dos fantoches, representando um príncipe, é o que ganha mais destaque e marca uma transição no romance. Ele passa das mãos de Mika para as de Max, soldado alemão que é enviado para uma prisão na Sibéria quando a guerra acaba. Nesta segunda parte do livro, o sofrimento de Max estabelece um paralelo com a maneira com que os judeus eram tratados - ele mesmo começa a repensar sua conduta durante o confronto.

O príncipe leva seus donos (Mara, filha de Max, herda o fantoche do pai) a questionar o Nazismo e o que poderia ser feito para salvar vidas durante a guerra, além de mostrar o ponto de vista alemão. As ações de Hitler não aparecem no enredo - o próprio führer quase nunca é mencionado. A partir da experiência de um homem que cumpria ordens e de uma moça que, mesmo tendo nascido depois do conflito, se sente culpada pelas mortes, Eva Weaver cria uma narrativa melancólica que, unindo-se ao enredo esperançoso da primeira parte, faz do livro uma obra de qualidade e uma amostra da destruição que a Segunda Guerra Mundial trouxe para a vida de cada pessoa.

"O Menino dos Fantoches de Varsóvia" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

"Mansfield Park" comemora bicentenário de lançamento

por Maria Clara


O terceiro livro de Jane Austen, "Mansfield Park", completa seu bicentenário em 2014. Publicado pela primeira vez em julho de 1814, o romance acompanha a protagonista Fanny Price, e faz uma bela crítica da sociedade britânica no século XIX.

Fanny vem de uma família pobre e, por isso, passa a morar na casa dos Bertram, seus tios que pertencem à nobreza. Desde criança, ela recebe a educação apropriada a uma moça da sociedade, mas também é lembrada de sua posição inferior. Não deve chamar atenção, não deve falar quando não é convidada, não deve nunca se esquecer que só tem uma vida confortável graças à imensa generosidade dos tios.

A pressão exercida sobre Fanny por suas primas Maria e Julia, pelas expectativas de Lorde Bertram e pelo caráter de sua outra tia, Mrs Norris, contrastam com a amizade de seu primo Edmund. Enquanto a família inteira discrimina a protagonista, o rapaz é o único a conversar com ela de verdade, a ouvir sua opinião nos mais variados assuntos e a educá-la, mais que simplesmente ensiná-la boas maneiras.

Frances O'Connor como Fanny Price na
adaptação de 1999

Em todos os personagens, percebe-se que são justamente as boas maneiras e as aparências que regem (ou toldam) as ações de cada um. Com a chegada dos vizinhos Henry e Mary Crawford, a natureza livre dos jovens do romance começa a se chocar com a rigidez dos costumes, criando situações constrangedoras e mexendo com a organização social da casa.

O casamento e, principalmente, suas consequências para as mulheres, são pontos principais da história. Se em "Orgulho e Preconceito" a heroína Elizabeth Bennet afirma que nunca se casaria a não ser por amor, em "Mansfield Park" os riscos de um casamento impensado são mostrados no enredo. A escolha entre o amor e um relacionamento por interesse, bem como a ideia de que não se pode perder a chance de uma boa união, é o principal tema depois da chegada dos irmãos Crawford.

O livro já foi adaptado para o cinema e para a televisão, além de ir para a ópera e o teatro. As atrizes Anna Massey, Frances O'Connor e Billie Piper já deram vida Fanny Price: a segunda, em 1999, foi a protagonista da adaptação "Palácio das Ilusões" dirigido por Patricia Rozema. O filme deu outro tom às atitudes de alguns personagens. A inconsequência de Tom Bertram, por exemplo, deixa de ser explicada pela forma como o primo mais velho de Fanny foi criado, e se torna justificada pela incompatibilidade de pensamento com o pai.

Fanny (Billie Piper) e Edmund (Blake Ritson) em cena do filme de 2007

"Mansfield Park", assim como as outras obras de Jane Austen, é um exemplo da qualidade da escritora, com personagens conflitantes entre si (e em conflito consigo mesmos, como é o caso de Edmund em alguns momentos da trama). Mesmo duzentos anos depois de seu lançamento, continua relevante para a literatura mundial e digno do título de clássico.
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