
Protagonista de "Cidades de Papel", de John Green, Quentin passou a vida idealizando Margo. O que se percebe, desde o início, é que o garoto não a conhece de verdade - ele cria sua própria interpretação daquilo que vê nos corredores da escola, achando que a garota é alegre e tem uma vida perfeita. Depois que ela some, é essa visão romantizada que o faz procurá-la.
Em sua jornada para encontrar o amor de infância, Quentin reúne seus amigos e uma amiga da garota. Por mais que todos tentem mostrá-lo que ele não conhece Margo realmente, o adolescente segue as pistas que ela deixou, sem perder a esperança de finalmente trazê-la de volta à cidade e, quem sabe, tentar conquistá-la.
Mesmo depois de ser cúmplice de Margo e ver a vingança que ela arquitetou contra seus amigos de escola, a imagem que Quentin conserva dela é a de uma menina feliz e sorridente, que não tem nenhum problema na vida - e, agora, ele será o salvador que virá ao seu resgate. A visão corresponde à ideia da manic pixie dream girl, termo criado pelo crítico de cinema Nathan Rabin para designar personagens femininas sempre alegres e sem nenhum objetivo de vida ou função além de permitir que um homem seja o heroi.
Aos poucos, o próprio John Green mostra que Margo tem, sim, toda uma vida que levou ao seu misterioso desaparecimento. Desse modo, o autor acaba por desconstruir, ao menos nesse livro, esse tipo convencionado de personagem feminino que gera discussão em alguns grupos feministas. Ao mesmo tempo, a história faz pensar sobre a forma como enxergamos outras pessoas - e até onde o que pensamos sobre elas corresponde à realidade.
Cidades de Papel foi publicado pela editora Intrínseca. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.
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