sábado, 13 de dezembro de 2014

Garota Exemplar

por Maria Clara


O livro ganhou uma nova capa depois de ser adaptado para o cinema
Amy Elliott Dunne desapareceu no dia de seu aniversário de cinco anos de casamento. Sua casa mostra sinais de violência e ninguém sabe quem poderia ter sequestrado a mulher, mas todas as suspeitas recaem sobre seu marido, Nick Dunne, que precisa provar sua inocência.

"Garota Exemplar", de Gillian Flynn, fala sobre o desaparecimento de Amy e de seu casamento com Nick por meio de duas narrativas separadas: Em alguns capítulos, vemos a reação do protagonista ao sumiço da esposa. Em outros, acompanhamos a história do casal, escrita por Amy em um diário.

Reservado e com uma grande necessidade de agradar a todos que o cercam, Nick encontra na irmã, Margo, a oportunidade de ser ele mesmo - mostrando suas fraquezas, dúvidas e receios e deixando clara a situação desgastada de seu relacionamento. Já o diário de Amy apresenta uma mulher apaixonada que tenta consertar todas as falhas de seu casamento, mas que começa a se sentir ameaçada pelo marido.

O livro prende o leitor logo cedo, ao misturar os pontos de vista de Nick e Amy. A metade da história traz uma reviravolta no enredo que deixa a narrativa mais interessante, tornando impossível abandonar a leitura antes do final. Graças ao sucesso alcançado depois de sua publicação, "Garota Exemplar" foi adaptado para o cinema. O filme, com o mesmo nome, traz Ben Affleck (de "Argo") como Nick e Rosamund Pike (a Jane Bennet da adaptação de "Orgulho e Preconceito" em 2005) no papel de Amy. 




"Garota Exemplar" foi publicado pela editora Intrínseca. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.


domingo, 12 de outubro de 2014

Coraline

por Maria Clara


Coraline é uma criança extrovertida e curiosa, mas solitária. Seus pais estão sempre ocupados com o trabalho, de modo que ela precisa se divertir sozinha - geralmente, explorando o ambiente em que vive. A menina é a protagonista da história criada por Neil Gaiman e lançada em 2002.

No livro, Coraline acabou de se mudar com os pais para um apartamento cercado por vizinhos excêntricos: duas atrizes idosas que vivem com seus cachorros e sonham com a fama, e um treinador de ratos que sempre traz recados de seus animais.  Assim como seus pais, porém, os vizinhos não demonstram muito interesse na garota (chegam a trocar seu nome constantemente, chamando-a de "Caroline").

Em busca de algo interessante para fazer, a protagonista decide explorar o apartamento e descobre uma passagem para outro mundo: uma cópia de sua vida real, mas onde todos lhe dão atenção - e, estranhamente, todos tem botões costurados no lugar dos olhos. Com uma segunda-mãe que quer manter a menina nesse novo mundo, Coraline precisa escolher onde quer viver e o que fazer em relação a sua família.

O livro foi adaptado para o cinema em 2008, com direção de Henry Selick.


Premiado no exterior e comparado a "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll, e "As Crônicas de Nárnia", de C.S. Lewis, "Coraline" é uma história de fantasia e terror que agrada tanto crianças (não chega a criar pesadelos) quanto adultos. De leitura rápida, o livro prende o interesse do leitor e desperta o desejo em conhecer mais obras do autor - o livro mais recente de Gaiman, "O Oceano no Fim do Caminho", foi publicado no Brasil em 2013. 

"Coraline" foi publicado pela editora Rocco. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Se eu Ficar

por Maria Clara


Mia é uma violoncelista talentosa de 17 anos. Única musicista clássica numa família de amantes do punk, ela namora Adam, vocalista de uma banda de rock de Portland, e tenta encontrar seu lugar no gosto musical que a cerca. Um dia, enquanto ia para a casa de amigos da família, ela sofre um acidente e entra em coma.

É a partir do acidente que o livro "Se eu ficar", de Gayle Forman, entra de verdade no enredo. Enquanto está internada, Mia sai do próprio corpo e acompanha o que acontece com as pessoas que conhece. Amigos e parentes se reúnem no hospital, torcendo pela vida da adolescente, enquanto a equipe médica faz todos os procedimentos possíveis para salvá-la.

Invisível, a garota alterna a narração do que acontece no hospital com lembranças de antes do acidente, em especial seu relacionamento com Adam, que não mede esforços para vê-la e tentar convencê-la a continuar viva. Mia percebe, rapidamente, que a decisão de viver ou morrer depende apenas dela, e tem algumas horas para escolher.

O livro tem tom melancólico, mas não chega a ser excessivamente triste nem leva às lágrimas. O leitor acompanha a protagonista enquanto ela repensa sua vida e tenta decidir qual a melhor opção, ficar com seus amigos ou desistir de lutar pela sobrevivência. A história continua em "Para onde ela foi", narrado por Adam três anos depois do acidente de Mia.

"Se eu ficar" ganhou uma adaptação para o cinema em setembro, com a atriz Chloë Grace Moretz (de "Carrie" e "Kick Ass") na pele da protagonista Mia, e Jamie Blackley ("Branca de Neve e o Caçador") como Adam.




"Se eu Ficar" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Frankenstein, M.D.

por Maria Clara


A escritora Mary Shelley
Filha e esposa de escritores, a inglesa Mary Shelley tinha 21 anos quando publicou sua obra de maior sucesso: o romance "Frankenstein", um dos marcos da literatura ultra-romântica (ou gótica). A história apresenta Victor Frankenstein, cientista em busca de reconhecimento que dá vida a um monstro com forma humana.

Mais que o drama do criador contra sua criatura, o livro aborda questões como a bondade ou maldade inerentes ao ser humano, a influência da sociedade na formação da personalidade de cada um e os avanços científicos  tema extremamente atual, já que descobertas como células-tronco e clonagem são assuntos em discussão no mundo médico.

É nesse contexto atual, da medicina do século XXI, que a mais nova adaptação do clássico gótico se ambienta. Em Frankenstein, M.D., produzido pela Pemberley Digital e pela televisão pública americana, PBS, a história acontece em um laboratório da fictícia Engle State University, e os telespectadores acompanham tudo via Youtube.




Além da modernização, a websérie traz uma mudança em alguns personagens. A protagonista, agora, é Victoria Frankenstein, estudante de medicina que se destaca pela mente ousada e o grande desejo de alcançar grandes feitos científicos (traço marcante do personagem original no livro). Auxiliada por Iggy DeLacey, ela faz experimentos com sangue sintético e ossos impressos em terceira dimensão.


Primeiro episódio da série

Assim como Frankenstein, os personagens Elisabeth Lavenza e Robert Clerval também tiveram seu gênero alterado: agora, são Eli e Rory, melhores amigos da protagonista e que a ajudam em suas experiências. Ao contrário do que acontece no livro, o professor de Victoria, Wardman, aparece em mais de um episódio.




Lançada em agosto, a série já se aproxima do acontecimento que desencadeia toda a história: a criação do monstro. Como os primeiros episódios se dedicam ao cotidiano de Victoria no laboratório, têm-se uma ideia de como a criatura será formada (vale lembrar que, embora seja comum dizer que o monstro original é a união de partes de pessoas mortas, não há nenhuma explicação no livro sobre como ele realmente foi criado).

Frankenstein, M.D. não tem o ar alegre de outras produções da Pemberley Digital, como a vencedora do Emmy The Lizzie Bennet Diaries. Ainda assim, mantém a qualidade narrativa da produtora. Assim como nas webséries anteriores, mais de um personagem conta a história: além da linha principal, com os vídeos protagonizados por Victoria, momentos menores do enredo passam pelos vídeos de Iggy DeLacey e de Eli Lavenza. Enquanto o primeiro responde perguntas do público, o outro fala diretamente com Victoria, dando mais detalhes sobre a relação entre os amigos.


Em Ask Iggy, o colega de Victoria responde perguntas do público


Em Eli to Victoria, o amigo da estudante usa vídeos para mandar recados a ela


A interatividade também continua nas redes sociais, especialmente no Twitter. Fazendo jus ao foco quase obsessivo que tem em suas pesquisas, Victoria não responde mensagens de seguidores, apenas posta sobre novidades científicas, seu dia no laboratório e eventuais tweets para os amigos. Nos perfis de Iggy e Rory, porém, é possível conversar com os personagens.

Os episódios de Frankenstein, M.D. vão ao ar todas as terças e sextas-feiras no canal da PBS no Youtube  até o momento, só há legendas em inglês, que podem ser ativadas no próprio Youtube.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Esta é uma História de Amor

por Maria Clara


Sienna e Nick são pessoas comuns. Trabalham, têm amigos, mantêm relacionamentos amorosos e, como o título do livro que protagonizam deixa claro, são apaixonados um pelo outro. "Esta é uma história de amor", de Jessica Thompson, começa com o primeiro encontro dos dois, e acompanha o relacionamento dos personagens.

O livro é narrado alternadamente por Nick e Sienna, e ambos falam sobre a paixão que sentem, os motivos para não se declarar e e a fuga em outros namoros. O que poderia ser uma narrativa clichê e até água-com-açúcar se mostra um romance leve e cativante. Como o leitor sabe que o amor do casal é recíproco, é possível ter vontade de juntar os dois de uma vez, mas os acontecimentos que se mostram, cada vez mais, como empecilhos à felicidade dos personagens são compreensíveis e dão mais colorido ao enredo.

Além do sentimento explicitado no título, o livro mostra a amizade e o companheirismo existentes mesmo onde não há um interesse amoroso, especialmente na personagem de Sienna. A dedicação da moça a seu pai, sua interação com um morador de rua e sua relação com a melhor amiga fazem dela uma mocinha romântica moderna, ainda que Nick não se traduza numa atualização dos herois de cavalaria - um alívio, já que esse estereótipo poderia diminuir o tom realista da história e tornar o livro menos agradável.

"Esta é uma história de amor" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Doador

por Maria Clara


Capa da publicação inicial, pela Sextante
O mundo de Jonas é monocromático e sem opções de escolha. O garoto vive numa época posterior à atual, em que cores, sentimentos e outros sinais da liberdade humana foram erradicados, para garantir que decisões erradas tomadas individualmente não prejudiquem a vida em sociedade.

Aos 12 anos, o protagonista de "O Doador" já é considerado adulto, e deve começar o treinamento na profissão que os Anciãos escolheram para ele. Enquanto seus amigos são direcionados ao trabalho como operários ou cuidadores de idosos, Jonas se torna o próximo Guardião das Memórias - o único cidadão a se lembrar de absolutamente tudo o que já aconteceu na Terra, seja um passeio de trenó, seja uma grande guerra.

Enquanto faz seu treinamento com o personagem que dá título ao livro, Jonas começa a se perguntar se a falta opções que dita os dias de sua cidade é realmente a melhor forma de manter a qualidade de vida de seus cidadãos. Ao descobrir um detalhe importante do trabalho de seu pai, essa dúvida se torna mais forte, e ele decide que é hora de partir em busca de outras formas de viver.

Assim como as trilogias Divergente e Jogos Vorazes, "O Doador" (publicado pela autora Lois Lowry em 1993) é um romance distópico em que cabe ao protagonista, bastante jovem, questionar e desafiar um sistema político que oprime a população. A diferença é que, aqui, a opressão não é sentida pelas pessoas: todos os que pensam sobre o assunto acreditam que essa é realmente a melhor maneira de manter a paz e a ordem na cidade, e apenas Jonas sente a necessidade de fazer algo para mudar a situação.

Originalmente lançada no Brasil pela editora Sextante com o nome "O Doador", a obra teve seus direitos de publicação adquiridos pela Arqueiro e teve o nome modificado para "O Doador de Memórias"

O livro foi adaptado para o cinema: o filme, "O Doador de memórias", estreia hoje em todo o país, e tem no elenco atores como Jeff Bridges, Meryl Streep e Brenton Thwaites (no papel de Jonas). Como o final da obra literária é aberto, deixando os leitores livres para imaginar o que acontece quando o livro acaba, é possível ver, ainda no trailer, que o filme segue além do que foi escrito e provavelmente deu um final "extra" ao enredo. A história não tem continuação, mas Lowry escreveu outros três livros sobre o mesmo universo, e acredita que a saga, agora, esteja completa.



"O Doador de Memórias" foi publicado pela editora Arqueiro. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Orange is the New Black

por Samira

Piper Kerman era uma jovem recém-formada em teatro e estava em busca de novas experiências. Quando um grupo de mulheres se muda para o apartamento ao lado, a protagonista conhece Nora Jansen, que tempos depois some do local e, após um período, reaparece com ostentação.

Ao ser convidada por ela para tomar um drinque, Piper descobre que a amiga ingressou no tráfico de drogas. As duas iniciam um relacionamento e Nora fica sabendo que precisa ir à Indonésia. Ela, então, convida Piper para acompanhá-la; a jovem aceita e embarca na aventura.

Anos depois, já envolvida em outro relacionamento e prestes a se casar, a protagonista recebe agentes da alfândega, que informam sobre seu indiciamento em um tribunal federal por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Isso era algo que ela havia mantido em segredo, até então.

Piper é condenada a 15 meses e, a partir de sua vivência em uma prisão federal, relata em "Orange is the new black" fatos que presenciou durante o tempo em que viveu longe de tudo e de todos. A história também deu origem a uma série do Netflix, que leva o mesmo nome.

Envolvente, o livro faz com que o leitor sempre queira avançar mais um capítulo na história de Piper, o que traz um vazio ao terminar a leitura.

"Orange is the new black" foi publicado pela editora Intrínseca. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista

por Maria Clara

Hadley é uma jovem garota que precisa viajar, sozinha, dos Estados Unidos para a Inglaterra. Ao se atrasar quatro minutos e perder o voo, ela acaba presa no aeroporto, onde conhece Oliver. Britânico e charmoso, ele começa a conversar com a garota e se torna um companheiro na espera do próximo avião - onde, coincidentemente, se sentam lado a lado.

Enquanto viajam, os personagens do livro de Jennifer E. Smith contam suas vidas um ao outro e criam uma frágil relação: enquanto o avião estiver no ar, eles são amigos com esperança de um romance. Depois de aterrissarem, porém, cada um segue seu caminho: Oliver tem um compromisso em uma igreja. Hadley precisa enfrentar o ressentimento pelo pai estar se casando com outra mulher.

"A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista" parte do breve encontro entre os protagonistas para as dificuldades que ambos têm em suas famílias, conduzindo o leitor por uma história rápida, leve e romântica - do tipo ideal, ironicamente, para ser lida durante uma viagem de avião.

"A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista" foi publicado pela editora Galera Record. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O Diamante

por Maria Clara

Quando o hábito do homem dar à mulher um anel de diamante para marcar o início do noivado foi transformado em tradição, coube à publicitária Frances Gerety criar uma campanha que implantasse esse costume na sociedade. Funcionária da agência Ayer e responsável pela conta da joalheria De Beers, ela escreveu o slogan "Um diamante é para sempre" e transformou essas pedras preciosas em um ideal de prova de amor indispensável para a felicidade conjugal.

Partindo da trajetória profissional de Frances (que existiu de verdade), J. Courtney Sullivan escreveu "O Diamante". O terceiro livro da autora aborda a relação de homens e mulheres com os aneis de noivado e a vida matrimonial em épocas diferentes.

Além de Frances, outros quatro protagonistas são apresentados: Evelyn, uma senhora que não aceita o divórcio do filho; James, paramédico que sonha em dar uma vida melhor à família; Delphine, que abandonou o marido por outro homem e sofreu uma decepção; e Kate, cuja opinião forte sobre matrimônio e exploração em minas de diamantes (entre outros assuntos) é evidenciada no dia do casamento do primo.

As cinco histórias são independentes entre si, mas colaboram umas com as outras para criar um panorama da importância do anel de noivado - especificamente nos Estados Unidos, já que os brasileiros têm o costume de comprar alianças tanto para o homem quanto para a mulher. O que se percebe na narrativa é que o diamante se torna uma representação de tudo o que os personagens esperam e pensam da vida dali em diante.

Como as histórias são contadas de forma intercalada, é inevitável que haja interrupções e que o livro fique mais lento em algumas partes. Porém, à medida que o leitor conhece mais sobre os personagens, a leitura se torna mais prazerosa. Embora não seja um livro considerado imperdível, "O Diamante" satisfaz os leitores que conquista.

"O Diamante" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

O Para Sempre de Ella e Micha

por Maria Clara

Em "O Segredo de Ella e Micha", Jessica Sorensen apresentou o casal de protagonistas que tentam superar dramas do passado para ficar juntos. No segundo livro da série, a autora dá continuidade ao relacionamento dos jovens, que tentam manter um namoro à distância.

"O Para Sempre de Ella e Micha" mostra a garota, de volta a Las Vegas, dando seguimento aos estudos e ainda dividindo o alojamento da faculdade com a amiga Lila. Ella passou a se consultar com uma psicóloga para superar a perda da mãe, e começa a trabalhar a ideia de se reconciliar com sua família e seu passado. Micha, enquanto isso, investe em sua carreira artística. O rapaz se tornou vocalista e guitarrista da banda de uma amiga, e passa os dias viajando para se apresentar.

Conversando apenas por telefone e se encontrando só quando é possível, os dois sofrem com a separação física e o medo do relacionamento não funcionar. Além disso, tanto Micha quanto Ella começam a se preocupar com ciúmes.

Além de se apoiar no amor que sentem um pelo outro para lidar com esses problemas, os jovens - Ella, principalmente - buscam forças no namoro para melhorar a relação que têm com suas respectivas famílias. Eles não vivem, porém, centrados apenas em seu relacionamento. Ethan e Lila, melhores amigos dos protagonistas, ganham espaço no livro, criando dúvidas sobre outro possível casal na história.

"O Para Sempre de Ella e Micha" foi publicado pela Geração Editorial. Para adicioná-lo à sua estante do Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Incendeia-me

por Maria Clara


A série distópica criada por Tahereh Mafi que começou com "Estilhaça-me" chegou ao fim com a publicação de "Incendeia-me", último volume da trilogia (que ganhou dois livros extras ao longo do caminho). Nesse último volume da história, é hora da protagonista Juliette Ferrars enfrentar definitivamente o Restabelecimento, entidade que controla o poder político de forma opressiva e ditatorial.

O livro traz Juliette mais forte, consciente de suas habilidades e disposta a fazer o que for preciso para vencer. Depois de quase ser assassinada, a garota passa a morar com Warner e aceita ajudá-lo em seus objetivos comuns - matar o pai dele, principal líder político. Além disso, se reencontra com os amigos que fez enquanto estava no Ponto Ômega e com o ex-namorado, Adam.

O estilo de Tahereh Mafi é mantido em "Incendeia-me". Apesar dos strike outs não serem mais utilizados (já que, agora, a protagonista compreende e aceita suas sensações e pensamentos), a velocidade da narrativa é a mesma que marcou outros títulos da série. Os capítulos curtos ajudam a separar a ação de acordo com o impacto de cada acontecimento ou revelação. A maneira de pensar de Juliette, sem vírgulas e com frases repetidas, continua a dar o tom da tensão em que a garota se encontra.

Outros personagens da trama também recebem a devida atenção. Kenji, agora reconhecidamente o melhor amigo da protagonista, mostra mais profundidade sem perder o tom de comediante - o próprio lado "engraçado" do rapaz durante a guerra é abordado em um diálogo. Adam se torna mais dramático e propenso a conflitos, enquanto Warner continua a se expor completamente em suas cenas com Juliette, revelando mais sobre sua personalidade e sua história (indo além do que foi contado em "Destrua-me").

Tendo que se preocupar em vencer uma guerra e resolver sua vida sentimental, Juliette cresce ainda mais durante a trama. Se em "Liberta-me" ela precisa que Kenji lhe dê um choque de realidade para se interessar pelo que acontece ao seu redor, "Incendeia-me" mostra a adolescente, sozinha (embora com alguma ajuda de Warner e do próprio Kenji), percebendo a imensidão de suas capacidades.

Ela também reconhece sua posição de liderança no conflito, ajudando na elaboração de planos de ataque e pensando em como organizar a sociedade no futuro. Na área sentimental, a garota segue como responsável por definir o destino do triângulo amoroso que forma com Adam e Warner.

"Incendeia-me" é uma bela conclusão para a trama. Tahereh Mafi conseguiu, durante toda a história, mostrar a evolução de cada personagem e manter um enredo envolvente, culminando em um final que reafirma a qualidade do trabalho da escritora.

"Incendeia-me" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A Máquina de Contar Histórias

por Samira


Vinícius Becker é um escritor best-seller que, com uma carreira literária agitada, acabou por se distanciar do convívio familiar. Na noite em que sua mulher, Viviana, falece sozinha em um hospital, ele está distante, no lançamento de mais um livro; consegue chegar a tempo de acompanhar o enterro, mas logo percebe que algo mais não vai bem.

Valentina, a filha mais velha, transparece os sentimentos de uma jovem que se sentiu abandonada pelo pai no momento em que mais precisava dele; Vida, a mais nova, ainda não possui a noção dos fatos, o que pode ajudar Vinícius a não deixá-la perceber o quanto ele foi ausente.

Neste momento, o protagonista percebe a necessidade de reconquistar o amor das filhas e se fazer presente, mesmo que isso lhe custe ignorar compromissos profissionais. Como autor, ele vive na eterna busca pelos parágrafos perfeitos; como pai, anseia que, ​daquele ponto em diante, a história da família V seja tão boa quanto a dos seus livros.

A obra de Maurício Gomyde é emocionante; uma história a ser lida do começo ao fim, em algumas horas. Confira um trecho do livro.


"A Máquina de Contar Histórias" foi publicado pel​a Editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Menino dos Fantoches de Varsóvia

por Maria Clara

Mika Hernsteyn é um sobrevivente da Segunda Guerra Mundial. Judeu polonês, ele enfrentou várias dificuldades até chegar aos Estados Unidos - onde, vários anos depois, conta sua história para o neto Danny. Este é o ponto de partida de "O Menino dos Fantoches de Varsóvia", primeiro livro de Eva Weaver.

Pouco antes da guerra chegar a Varsóvia (cidade natal do protagonista), o avô de Mika compra um sobretudo que terá grande importância na trama. Pela adição de bolsos internos, ele se torna uma forma de evitar que objetos de recordação, como cartas e fotos, sejam destruídos pelos soldados alemães. Quando seu avô morre, Mika herda o casaco e um ateliê de fantoches até então desconhecido em um quarto da casa. É a partir desse momento que a relação do garoto com a realidade da guerra se torna mais intensa.

Mika dá seguimento à confecção de fantoches, e começa a usá-los para entreter os outros judeus, levando alguns minutos de conforto à família e às crianças de um orfanato. Aos poucos, os fantoches passam a ser usados como uma forma de interagir com a dura situação, e parecem ganhar força própria, incentivando o garoto a fazer todo o possível para resistir à violência e à morte que cercam todos os personagens.

Um dos fantoches, representando um príncipe, é o que ganha mais destaque e marca uma transição no romance. Ele passa das mãos de Mika para as de Max, soldado alemão que é enviado para uma prisão na Sibéria quando a guerra acaba. Nesta segunda parte do livro, o sofrimento de Max estabelece um paralelo com a maneira com que os judeus eram tratados - ele mesmo começa a repensar sua conduta durante o confronto.

O príncipe leva seus donos (Mara, filha de Max, herda o fantoche do pai) a questionar o Nazismo e o que poderia ser feito para salvar vidas durante a guerra, além de mostrar o ponto de vista alemão. As ações de Hitler não aparecem no enredo - o próprio führer quase nunca é mencionado. A partir da experiência de um homem que cumpria ordens e de uma moça que, mesmo tendo nascido depois do conflito, se sente culpada pelas mortes, Eva Weaver cria uma narrativa melancólica que, unindo-se ao enredo esperançoso da primeira parte, faz do livro uma obra de qualidade e uma amostra da destruição que a Segunda Guerra Mundial trouxe para a vida de cada pessoa.

"O Menino dos Fantoches de Varsóvia" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

"Mansfield Park" comemora bicentenário de lançamento

por Maria Clara


O terceiro livro de Jane Austen, "Mansfield Park", completa seu bicentenário em 2014. Publicado pela primeira vez em julho de 1814, o romance acompanha a protagonista Fanny Price, e faz uma bela crítica da sociedade britânica no século XIX.

Fanny vem de uma família pobre e, por isso, passa a morar na casa dos Bertram, seus tios que pertencem à nobreza. Desde criança, ela recebe a educação apropriada a uma moça da sociedade, mas também é lembrada de sua posição inferior. Não deve chamar atenção, não deve falar quando não é convidada, não deve nunca se esquecer que só tem uma vida confortável graças à imensa generosidade dos tios.

A pressão exercida sobre Fanny por suas primas Maria e Julia, pelas expectativas de Lorde Bertram e pelo caráter de sua outra tia, Mrs Norris, contrastam com a amizade de seu primo Edmund. Enquanto a família inteira discrimina a protagonista, o rapaz é o único a conversar com ela de verdade, a ouvir sua opinião nos mais variados assuntos e a educá-la, mais que simplesmente ensiná-la boas maneiras.

Frances O'Connor como Fanny Price na
adaptação de 1999

Em todos os personagens, percebe-se que são justamente as boas maneiras e as aparências que regem (ou toldam) as ações de cada um. Com a chegada dos vizinhos Henry e Mary Crawford, a natureza livre dos jovens do romance começa a se chocar com a rigidez dos costumes, criando situações constrangedoras e mexendo com a organização social da casa.

O casamento e, principalmente, suas consequências para as mulheres, são pontos principais da história. Se em "Orgulho e Preconceito" a heroína Elizabeth Bennet afirma que nunca se casaria a não ser por amor, em "Mansfield Park" os riscos de um casamento impensado são mostrados no enredo. A escolha entre o amor e um relacionamento por interesse, bem como a ideia de que não se pode perder a chance de uma boa união, é o principal tema depois da chegada dos irmãos Crawford.

O livro já foi adaptado para o cinema e para a televisão, além de ir para a ópera e o teatro. As atrizes Anna Massey, Frances O'Connor e Billie Piper já deram vida Fanny Price: a segunda, em 1999, foi a protagonista da adaptação "Palácio das Ilusões" dirigido por Patricia Rozema. O filme deu outro tom às atitudes de alguns personagens. A inconsequência de Tom Bertram, por exemplo, deixa de ser explicada pela forma como o primo mais velho de Fanny foi criado, e se torna justificada pela incompatibilidade de pensamento com o pai.

Fanny (Billie Piper) e Edmund (Blake Ritson) em cena do filme de 2007

"Mansfield Park", assim como as outras obras de Jane Austen, é um exemplo da qualidade da escritora, com personagens conflitantes entre si (e em conflito consigo mesmos, como é o caso de Edmund em alguns momentos da trama). Mesmo duzentos anos depois de seu lançamento, continua relevante para a literatura mundial e digno do título de clássico.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Fragmenta-me

por Maria Clara


Apesar de escrever, originalmente, uma trilogia, Tahereh Mafi adicionou dois livros ao enredo protagonizado por Juliette em "Estilhaça-me": o primeiro, "Destrua-me", trazia o ponto de vista do vilão Warner e oferecia bases para questionar a maldade do personagem. Em "Fragmenta-me", a autora dá voz a Adam, par romântico de Juliette.

O enredo do livro é simultâneo ao final de "Liberta-me" (segunda parte da trilogia), e tem início na última missão dos moradores do Ponto Ômega à superfície. Com o objetivo de enfrentar os soldados do Restabelecimento, Adam tenta superar os problemas de seu recente término com Juliette e da insatisfação com o amigo Kenji, e parte para o campo de batalha com os dois. O rapaz deixa seu irmão mais novo, James, na suposta segurança do abrigo subterrâneo.

É a preocupação com James que move Adam em "Fragmenta-me", mais que a vontade de vencer a ditadura ou a paixão por Juliette. Embora ele se angustie com os perigos que a garota sofre ao longo da saga, o medo de perder o irmão se torna o principal motivo para que Adam continue lutando. Sua meta, agora, é viver em paz com James - mas se Juliette fizer parte desse cenário, melhor.

É inevitável tecer comparações entre "Destrua-me" e "Fragmenta-me", já que os dois livros oferecem acesso aos pensamentos de personagens importantes para a história. O fato de Adam e Warner serem rivais e, ao mesmo tempo, estarem fortemente ligados um ao outro, colabora para que o leitor escolha "torcer" por um deles e aumenta a expectativa para a leitura da conclusão da trilogia, que termina com "Incendeia-me".

Assim como "Destrua-me", o livro foi lançado apenas em formato digital, e está disponível gratuitamente para diversos e-readers.

"Fragmenta-me" foi publicado digitalmente pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Colin Fischer

por Maria Clara


Colin Fischer é um adolescente de 14 anos com síndrome de Asperger que acabou de entrar no Ensino Médio. Ele não gosta de ser tocado, anota seus pensamentos em um caderno especial, reconhece expressões faciais a partir de cartões de memorização e é bastante interessado em mistérios. O protagonista do livro de mesmo nome foi criado por Ashley Edward Miller e Zack Stentz, e alcança a empatia do leitor.

O livro se concentra no que Colin chama de "o mistério da arma na cantina". Um dia, durante a comemoração do aniversário de uma garota da escola, uma arma dispara e gera pânico entre os alunos. O principal suspeito é Wayne Connelly, que praticava bullying contra Colin durante toda a infância dos dois.

Graças a sua capacidade de observação e de raciocínio, Colin deduz rapidamente que Wayne não poderia ser o culpado pelo disparo: a arma estava suja com o glacê do bolo, e Wayne comia metodicamente, para não se sujar nem um pouco. Empenhado em resolver o mistério, o protagonista decide provar a inocência do colega de classe e descobrir o verdadeiro responsável pela arma.

"Colin Fischer" é narrado em terceira pessoa; cada capítulo, entretanto, se inicia com um texto escrito por Colin em seu caderno - trechos de pensamentos sobre o caso também são encontrados no decorrer da narrativa. A inteligência do garoto lembra um pouco o cientista Sheldon Cooper, da série de televisão "The Big Bang Theory", mas não é caricata nem parece uma tentativa de cópia. Colin é o tipo de personagem que cativa, e chega ao final da história deixando a vontade de que os autores escrevam uma continuação.

"Colin Fischer" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Destrua-me

por Maria Clara


Em "Estilhaça-me", Tahereh Mafi apresenta Juliette, adolescente com um toque letal que passou anos trancada num hospício. Retirada do confinamento, a garota passa a conviver com Adam, rapaz por quem se apaixona, e Warner, que planeja transformá-la em uma arma.

Embora a história de Juliette seja contada na trilogia que segue com "Liberta-me" e com o recém-lançado "Incendeia-me", Mafi escreveu mais dois livros, mostrando o enredo sob outros pontos de vista. Um deles é "Destrua-me", narrado por Warner. O rapaz é filho de um dos principais chefes do Restabelecimento (força política que governa, literalmente, o mundo inteiro em regime ditatorial), e foi o responsável pela libertação de Juliette.

Ao longo do livro, mergulhamos nos pensamentos de Warner, em sua relação com o pai e na importância que ele dá à protagonista da história principal. Sua narrativa começa um pouco antes do fim de "Estilhaça-me" e vai até antes da metade de "Liberta-me", de modo que o leitor não vê o jovem interagir com Juliette. É possível, porém, acompanhar Warner enquanto ele reflete sobre seu papel na sociedade pós-apocalíptica em que vive. Em poucas páginas, a autora gera empatia com um personagem que, sob a ótica apresentada no primeiro livro, deveria ser um vilão sem sentimentos e fácil de se odiar.

Embora não seja indispensável para quem quer ler apenas a trilogia em si, o livro "1.5" da saga é bom para o leitor que deseja novas opiniões sobre o que acontece no enredo. Além disso, mantém a qualidade da autora, um dos maiores atrativos dos outros livros. O título está disponível apenas em formato digital, gratuitamente, no site da Amazon.

"Destrua-me" foi publicado digitalmente pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Aconteceu em Paris

por Maria Clara


O primeiro romance de Molly Hopkins, "Aconteceu em Paris", apresenta o leitor à protagonista Evie Dexter em um momento de mudanças. Recentemente desempregada, a moça londrina precisa dar um rumo a sua vida profissional e arranja um emprego como guia turística na França.

Evie divide apartamento com a melhor amiga, Lulu, que interfere em sua vida mas sempre com boas intenções. Tem uma típica relação de amor e ódio com a irmã, Lexie, cuja vida de casada parece conturbada, mas feliz. É bastante dedicada a duas sobrinhas gêmeas que encarnam perfeitamente os estereótipos da "irmã boa" e "irmã má". É amiga de Vic, um grego viril e determinado, que vem de uma família bastante tradicional. Todos os personagens com quem a protagonista interage parecem saídos de uma comédia romântica, chegando a parecer clichês - não é incomum parar durante a leitura e pensar "será que isso não é coisa de algum filme?".

O enredo é centrado no relacionamento de Evie com Rob, motorista de ônibus de viagens com quem a moça começa a trabalhar. Rob é um verdadeiro galã de Hollywood: lindo, educado, ajuda a protagonista quando ela não tem dinheiro e está sempre disposto a mostrar o quanto a considera sensual. O romance dos dois começa como atração física, mas rapidamente se transforma numa história de amor cheia de altos e baixos, com obstáculos do cotidiano testando o amor do casal.

Mesmo dando a sensação de que a história já foi contada antes, "Aconteceu em Paris" pode ser um bom passatempo, apesar de parecer um pouco forçada. Alguns personagens são bastante estereotipados: Lulu e Lexie são extremamente dramáticas, com direito a falas repletas de "você não pooooooooode!", e "por favooooooooooooor", que levam a imaginá-las como rainhas do drama. Vic parece estar sempre gritando, parte do livro leva a crer que ele tem interesse por Evie e sua família se assemelha à do filme "Casamento Grego". Rob é uma espécie de príncipe encantado moderno que passa a comandar a vida da namorada e que, por ser muito bom de cama (é raro encontrar detalhes sobre a vida do rapaz), compensa qualquer erro que possa cometer.

Não é impossível que o leitor se canse antes de terminar o romance, dada a semelhança com roteiros de comédias românticas. Quem busca um livro um pouco maior para passar o tempo com uma história leve e despretensiosa pode se satisfazer com o romance.

"Aconteceu em Paris" foi publicado pela editora Novo Conceito. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O Menino no Espelho

por Maria Clara


O livro "O Menino no Espelho" foi lançado em 1982. Nele, o escritor Fernando Sabino conta histórias de sua infância, na época em que vivia em Belo Horizonte. Ainda nas primeiras páginas do prólogo o leitor já é conquistado pela facilidade com que o protagonista inicia suas memórias, falando do maior mistério que já havia vivido.

Ao longo do romance, Fernando conta, de forma leve e fluida, dez aventuras que teve quando criança - mas dá a sensação de que muitas outras aconteceram. São casos em que o menino demonstra esperteza, como a tentativa de salvar uma galinha (que ia morrer para virar o almoço), ou os esforços para sobreviver na selva durante um acampamento.

Outras histórias mostram a imaginação do protagonista, com situações que poderiam até ser consideradas mágicas. O capítulo "O canivetinho vermelho" fala da época em que Fernando era capaz de realizar milagres. Já em "O menino no espelho", capítulo que dá nome ao livro, o menino consegue trazer seu reflexo para o mundo real. Graças à vontade de ter um irmão gêmeo e ao desencantamento do nome Odnanref (que é o nome de Fernando ao contrário), o garoto se torna amigo de seu duplo, como ele mesmo fala.

O toque de fantasia que permeia o romance pode dar a ideia de um livro infantil, e não deixa de ser uma boa dica de leitura para crianças. Quem já cresceu, porém, não tem motivos para não gostar: a história fala a pessoas de todas as idades, transportando o leitor para um momento em que a vida era leve e descomplicada.

O romance de Fernando Sabino serviu de inspiração para um filme de mesmo nome, produzido pela Downtown Filmes e protagonizado por Lino Facioli. O ator já é conhecido pelo papel de Robin Arryn na série Game of Thrones, e dá vida a Fernando e Odnanref. Após ler o romance e compará-lo com o trailer do filme, percebe-se que a obra cinematográfica foi além do que é narrado no livro - o que não é necessariamente ruim, já que abre mais possibilidades no enredo. "O Menino no Espelho" estreia dia 19 de junho em Belo Horizonte, e ainda não há datas para o resto do Brasil.




"O Menino no Espelho" foi publicado pela editora Record. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Convergente

por Maria Clara


A trilogia iniciada com "Divergente", de Veronica Roth, chega ao fim com "Convergente", e transforma o enredo dos dois livros anteriores em uma distopia dentro de outra distopia. Depois da revelação feita em "Insurgente" e da explicação sobre a origem do sistema político adotado por Chicago, chega a hora de Tris e Tobias descobrirem o que acontece fora dos limites da cidade.

O último volume da série mostra que os moradores dos Estados Unidos, nesse futuro pós-apocalíptico, são classificados de acordo com o código genético. Essa separação é baseada num conceito de pureza que permitiria à sociedade viver pacificamente, e a divergência da protagonista deixa de ser motivo de preocupação. Rapidamente, porém, o leitor percebe que também existe uma forma de opressão racial tanto entre os moradores do Departamento (área para onde Tris, Tobias, Christina e outros amigos vão depois de sair da cidade) quanto do exterior sobre Chicago.

Além das revelações sobre o passado de sua cidade, Tris precisa lidar com problemas de seus relacionamentos pessoais. O namoro com Tobias é maduro, longe dos suspiros açucarados de outros casais da ficção, mas eles não são indiferentes um ao outro: os protagonistas encontram, na relação, a força para enfrentar as mudanças. Num momento de reflexão, Tris chega a reconhecer que não sabe como será sua vida com o namorado em tempos de paz, já que os dois foram unidos pelo espírito de revolução.

Outros personagens que mexem com a protagonista são Peter e Caleb. O primeiro segue fiel à sua personalidade. Peter deixa claro que não gosta de ninguém ali, mas parece ter uma motivação para colaborar com o grupo. Caleb luta para ser perdoado pela irmã, já que os dois são os únicos da família a continuar vivos. Mesmo assim, a lembrança de que o rapaz a entregou para ser torturada pela Erudição dificulta uma esperança de aproximação com Tris.

Com as informações dadas por Veronica Roth sobre o mundo exterior à cidade, seria possível criar uma nova história. Talvez por isso, surge um certo desapontamento quanto ao desfecho (calma, não haverá spoilers nessa resenha). Os problemas políticos do enredo recebem uma solução simples demais, quase apressada para terminar o livro. Quanto à vida dos personagens, em compensação, o final foi condizente com a personalidade de cada um. A razão que leva Peter a ajudar os protagonistas é revelada, e ajuda a gerar empatia pelo rapaz. Já o final de Tris pode, à primeira vista, desagradar alguns leitores. Numa segunda análise, porém, percebe-se que a decisão da garota fez jus à sua personalidade e sua divergência, amenizando (ainda que pouco) os pontos negativos da história.

"Convergente" foi publicado pela editora Rocco. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Bling Ring

por Maria Clara

Entre 2008 e 2009, um grupo de adolescentes de Los Angeles invadiu as casas de celebridades como Paris Hilton, Orlando Bloom e Lindsay Lohan. Os jovens, que tinham situação econômica confortável, pegavam roupas, relógios, dinheiro e outros bens antes de ir embora. A série de roubos foi noticiada no artigo "The Suspects Wore Louboutins", da jornalista Nancy Jo Sales, na revista americana Vanity Fair.

Os crimes despertaram o interesse da cineasta Sofia Coppola, que lançou o filme "The Bling Ring"em 2013. Quando foi procurada por Sofia pela primeira vez, Nancy Jo decidiu escrever um livro com o mesmo nome da película, para dar mais detalhes sobre o caso e a história dos adolescentes envolvidos.

A quadrilha era praticamente vizinha de suas vítimas. Em um curto passeio de carro, munidos de informações coletadas no Google, eles chegavam às casas escolhidas. Ali, se aproveitavam da sensação de segurança que levava os proprietários a deixar a porta destrancada, e começavam as "compras". Os itens roubados eram usados na escola, vendidos na rua e viravam posts no Facebook, já que os adolescentes não se preocupavam em esconder o que estavam fazendo.

Nick Prugo e Alexis Neiers são os mais mencionados no livro - ele é apontado pelo resto do grupo como o líder e delator; ela sonhava com a fama e chegou a coestrelar o reality show Pretty Wild. Como numa grande reportagem, Nancy Jo Sales relata os depoimentos dos envolvidos no caso, desde os adolescentes e suas famílias e advogados até algumas das celebridades que foram roubadas. A jornalista conta como foi cada entrevista, e tenta entender o que motivou jovens aparentemente felizes e com boa vida financeira a cometer os crimes.



"Bling Ring" foi publicado pela editora Intrínseca. Para adicioná-lo à sua estante no Skoob, clique aqui.
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